No texto de hoje não tem dica, nem estratégia. Tem um desabafo. Tem minha vulnerabilidade escancarada. Tem o registro da fragilidade da vida.
Hoje está acontecendo o evento As Donas Leadership. Um momento pensado, planejado, organizado e realizado pelo Instituto As Donas da P Toda. Com a proposta de muito conteúdo, networking, celebração, entrega do Prêmio Ela Inspira, fomento de negócios. Com certeza um mega movimento do empreendedorismo feminino. Onde inspiração e fortalecimento mútuo são pilares.
Eu estava esperando ansiosamente por esse evento. Quando recebi a notícia de que fui a ganhadora do Prêmio Ela Inspira, na categoria Comunicação e no Geral, não me cabia de tanta emoção. Sinto até agora o pulsar acelerado do meu coração, a vontade de sair gritando e pulando. Comemorei muito! Esse prêmio é o símbolo de muito trabalho e de um caminho de transformação para mim e para quem eu puder alcançar.
Além de receber o prêmio no palco, fui convidada a fazer uma palestra no evento. Mais emoção! Coração saindo pela boca de felicidade!
Me tornei embaixadora do evento. Planejei o cronograma prévio de divulgação. Convidei mulheres incríveis para fazerem parte desse movimento. Imaginei cada detalhe. Desde o look até o discurso.
Eis, que a vida não está nem aí para o nosso planejamento! No dia 23/03 perdi minha mãe. De uma hora para outra. Maldita dengue que a levou de mim, literalmente da noite para o dia. Fiquei sem chão. Vontade zero de continuar qualquer coisa, vontade de me encolher e nunca mais sair. Como posso palestrar sem ela na plateia? Como posso receber um prêmio sem ela estar lá? Logo ela que sempre esteve comigo, que sempre me incentivou, que quando eu contei do prêmio ela gritava e pulava comigo comemorando com toda felicidade e orgulho.
Nem me recuperei dessa perda absurda e vem a pior enchente já registrada no Rio Grande do Sul. Cenas de guerra. Casas invadidas pela água. Almas invadidas pelo sofrimento. Cidades destruídas. Corações destroçados.
Alguns dos meus familiares e amigos perderam tudo. Bens materiais sim, mas sobretudo, histórias, construções de uma vida inteira. Eu não fui atingida diretamente (graças a Deus!) na minha casa (exceto a falta d’água por 13 dias), mas fui atingida dilacerantemente no coração. Nunca vi nada igual. Nunca imaginei nada parecido.
O que fazer diante de tudo isso? Reunir toda força possível, juntar todos os meus pedaços para ajudar a colar os pedaços de outros. Tantos outros.
Essa situação ainda vai demorar para passar e temos muito, muito para fazer. Só vamos conseguir com união, vontade e bondade das pessoas. Tem gente ruim nesse mundo, mas tem muito mais gente boa (ah como tem!).
Estou no evento hoje, palestrando e recebendo o prêmio. Com dor sim, mas com a certeza de que é preciso continuar. Por mim, por ela, pela minha esposa que está aqui (ela que é meu motivo, minha força, meu mundo, minha alma), pelas pessoas do meu estado, pelas pessoas que precisam ouvir sobre agir apesar do medo de falar em público, afinal, eu assumi o compromisso de ser agente de transformação.
Somos vulneráveis, somos frágeis. A vida é um sopro. Por isso, precisamos agradecer e aproveitar cada segundo. Viver intensamente cada momento. Porque, de alguma forma, vale a pena!
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Respostas de 2
Dezza, querida! Parabéns pelo teu prêmio, és muito merecedora. Não tenho dúvidas que a tua mãe faz parte desse prêmio e é por isso que você tem que ter forças para seguir. Sei que faz tempo que não nos encontramos, mas torço muito por ti e desejo muito sucesso no teu caminho… e a tua mãe sempre irá te acompanhar de onde ela estiver e dentro do teu coração. Um beijo grande, com carinho, Jaque!
Como admiro e amo essa mulher. Trabalhamos juntas e nos tornamos amigas. Aprendemos e desaprendemos, sobretudo nos acolhemos e apoiamos, celebrando e chorando, sempre juntas! Siga iluminando Deza #soufã