A sexualidade é um componente fundamental da experiência humana, atravessando culturas, idades e contextos. No entanto, quando discutimos a sexualidade em mulheres acima dos 40 anos, muitas vezes nos deparamos com barreiras sociais que impactam sua liberdade e autoestima. Uma dessas barreiras é o chamado etarismo, o preconceito relacionado à idade, que reforça estigmas e cria medos profundos, como o receio de enfrentar a solidão após um divórcio.
Culturalmente, as mulheres foram ensinadas a associar sua realização à estabilidade familiar e à eterna juventude. Esse constructo social não apenas desvaloriza a autonomia feminina, mas também alimenta uma percepção de que, ao envelhecer, as mulheres tornam-se “menos desejáveis” e invisíveis. Essa ideia é amplificada em uma sociedade onde o culto à juventude e à aparência física ainda é dominante.
Muitas mulheres na faixa dos 40 ou 50 anos relatam um intenso medo de se divorciarem, mesmo quando vivem relações insatisfatórias ou abusivas. Esse medo está profundamente ligado ao etarismo, que sugere que encontrar um novo parceiro nessa fase da vida é improvável, ou que a solidão será inevitável.
Do ponto de vista biológico e psicológico, a sexualidade nas mulheres não tem data de validade. Com a diminuição das pressões reprodutivas e sociais que muitas vezes marcam a juventude, a maturidade pode ser uma fase de libertação e redescoberta. Contudo, o etarismo e o medo da rejeição dificultam esse processo.
Entretanto, estudos apontam que o desejo e a capacidade de estabelecer conexões íntimas não diminuem com a idade. Pelo contrário, mulheres maduras frequentemente relatam maior autoconhecimento e confiança em relação às suas necessidades emocionais e sexuais. O desafio está, portanto, em superar os condicionamentos sociais que limitam essa expressão.
Muitas mulheres relatam receio de explorar sua sexualidade por julgamentos externos, o que perpetua ciclos de insatisfação. Estudos mostram que a independência emocional e a capacidade de romper padrões sociais muitas vezes florescem na maturidade, mas o caminho para esse empoderamento passa pela desconstrução de narrativas limitantes.
O etarismo atua como um gatilho para a ansiedade, a depressão e o isolamento social, especialmente para aquelas que consideram ou enfrentam um divórcio. A pressão para manter um casamento insatisfatório “por medo do que vem depois” pode afetar profundamente a saúde mental e a qualidade de vida.
É importante destacar que romper com essas estruturas pode levar a uma transformação significativa. Mulheres que enfrentam seus medos frequentemente relatam sentimentos de liberdade e autenticidade após o divórcio, descobrindo novas formas de amar, relacionar-se e expressar sua sexualidade.
Para transformar esse cenário, é essencial que profissionais da saúde, como psicólogas/os, sexólogas/os e terapeutas, trabalhem na desconstrução desses mitos. Educação sexual, grupos de apoio e espaços de diálogo ajudam as mulheres a perceberem que sua sexualidade e capacidade de amar não estão limitadas à juventude. Uma rede de apoio com amigas com quem possa conversar sobre seus anseios e angústias também são essenciais.
Além disso, é crucial fomentar uma cultura que valorize a experiência e a sabedoria adquiridas com a idade, desafiando o conceito de “invisibilidade”. As mulheres podem e devem redescobrir o prazer e a conexão, independentemente da fase A sexualidade feminina na maturidade é um território rico, e explora lo é muito gratificante em todos os âmbitos da vida feminina
Acredito que nunca é tarde para recomeçar, redescobrir o prazer e construir uma vida íntima baseada em autenticidade e autoconfiança. As mulheres têm o direito de viver plenamente sua sexualidade em qualquer idade, e romper com os medos impostos pelo etarismo é o primeiro passo para essa liberdade.
Se você, leitora, está enfrentando dilemas sobre sua vida conjugal ou sexual após os 40, lembre-se: você não está sozinha, e o amor – por si mesma ou por outra pessoa – nunca expira.
Colunista:
Respostas de 2
Maravilhoso !!
Grata Adriana. 😉