Nos dias de hoje, a liberdade sexual das mulheres é um tema central e em constante evolução ao redor do mundo. Desde os movimentos de emancipação até as lutas contemporâneas pelo empoderamento feminino, testemunhamos um progresso notável. No entanto, os desafios persistem, exigindo uma reflexão contínua sobre a equidade de gênero, o respeito e o consentimento. Como mulher, especialista em sexualidade e preocupada com essas questões tão pungentes, te convido a explorar essa temática densa, que perpassa a complexa tapeçaria dos relacionamentos humanos.
A liberdade sexual feminina vai além da simples permissão para expressar desejos e buscar prazer. Envolve o direito das mulheres de explorar sua sexualidade sem julgamento ou coerção, tomando decisões informadas e autônomas sobre seus corpos, desejos e relacionamentos. Essa liberdade também se estende ao direito de dizer não, de estabelecer limites e de rejeitar qualquer forma de pressão ou violência sexual.
Ao longo da história, as mulheres têm desafiado normas restritivas e reivindicando sua liberdade sexual. Movimentos estruturados por mulheres têm sido catalisadores importantes nessa jornada, promovendo a igualdade de direitos, combatendo a objetificação e a discriminação baseadas no gênero, propiciando informações e acolhimento entre pares.
No entanto, os desafios persistem. A cultura do estupro, o assédio sexual e a violência de gênero ainda são realidades preocupantes em muitas sociedades ao redor do mundo. Os números de abusos e violência contra mulheres de todas as idades e classe social ainda são imensos e não podemos esquecer que não são precisos, pois há uma subnotificação motivada, na maioria das vezes, por medo e vergonha impostos à vítima. Além disso, a pressão social, os estereótipos de gênero e a falta de educação sexual adequada continuam a restringir a liberdade sexual das mulheres, propiciando a manutenção das violências.
Estamos tão acostumadas a sermos silenciadas e violentadas nos mais diversos sentidos que, em muitas situações, dentro de determinados ambientes, essas violências são normalizadas. Naturalizamos escutas como, por exemplo, um marido dizer a esposa calar a boca, ou querer ter uma relação sexual quando ela não quer, por ser obrigação dela, ou ainda, proibi-la de sair com determinada roupa ou pessoa.
Educação e diálogo aberto são a base para o empoderamento sexual de todas as pessoas, principalmente das mulheres.
Em meios de naturalização de abusos, é essencial fornecer informações precisas e abrangentes sobre consentimento, sexualidade (se você não tiver certeza do que significa esse termo, volte e releia o artigo “Vamos falar sobre sexualidade?”, aqui no Blog), e saúde reprodutiva desde cedo. Isso não só capacita as mulheres a tomar decisões informadas, mas também desafia as normas sociais prejudiciais e promove uma cultura de respeito mútuo. Ter informações verdadeiras possibilita, junto a outras variáveis, evitar relacionamentos abusivos, disfunções sexuais, abusos sexuais – principalmente os que acontecem dentro de casa -, entre outros benefícios.
Além disso, é crucial criar espaços seguros e inclusivos para discussões francas sobre sexualidade e gênero. Isso envolve não apenas ouvir as vozes das mulheres, mas também envolver homens e pessoas de todas as identidades de gênero na promoção da equidade e do respeito.
A equidade de gênero e o consentimento são pilares fundamentais da liberdade sexual (não confunda o termo liberdade: condição daquele que é livre; capacidade de agir por si próprio; autodeterminação, autonomia). Isso requer não apenas respeitar a autonomia das mulheres, mas também combater ativamente todas as formas de discriminação e violência de gênero. É importante reconhecer que o consentimento é contínuo, informado e revogável, e que nenhuma pessoa deve ser coagida ou pressionada a realizar atividades sexuais contra sua vontade.
Nossa liberdade sexual, atualmente, reflete uma jornada complexa e multifacetada. Enquanto celebramos os avanços alcançados, também reconhecemos os desafios persistentes que exigem nossa atenção contínua. É preciso seguir confiante, promover seu autoconhecimento e encontrar espaços seguros e de apoio para expressar as dúvidas e preocupações, sem julgamento e com apoio mútuo.
Você é única, assim como suas alegrias e dores, seus desejos e seu corpo só dizem respeito a você.
Liberte se!!!
Colunista: