Da crise à clareza: A jornada Empoderadora da Menopausa por Élen Santoro

A menopausa é uma transição biológica importante que impacta muitas mulheres ao final de seu ciclo reprodutivo, geralmente entre os 45 e 55 anos. No entanto, suas implicações vão além das mudanças fisiológicas, estendendo-se ao campo psicológico, sexual e social, onde as expectativas culturais e as cobranças sobre o corpo e a identidade feminina exercem pressões significativas. 

Do ponto de vista biológico, a menopausa marca o fim da produção significativa de estrogênio e progesterona pelos ovários, resultando em uma série de mudanças no corpo feminino. Os sintomas mais comuns incluem ondas de calor, sudorese noturna, secura vaginal, diminuição da libido, alterações no padrão de sono e mudanças na distribuição de gordura corporal. Além disso, o declínio hormonal afeta o sistema nervoso central, levando a flutuações de humor, irritabilidade, ansiedade, lapsos de memória e, em alguns casos, depressão.

Pesquisas indicam que a perda de estrogênio pode impactar diretamente em neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, essenciais para a regulação do humor. Dessa forma, é comum que mulheres em menopausa apresentam sintomas de distúrbios emocionais, mesmo que nunca tenham enfrentado questões psicológicas sérias anteriormente. Além disso, as mudanças corporais podem gerar sentimentos de inadequação ou perda de feminilidade, o que, somado a fatores culturais e sociais, pode contribuir para o agravamento de condições como depressão e ansiedade.

Embora a menopausa seja uma etapa biológica natural, muitas mulheres a vivenciam com desconforto não apenas devido às mudanças físicas e emocionais, mas também pelas expectativas e cobranças sociais sobre como devem lidar com essa fase. A sociedade contemporânea, que valoriza a juventude e a beleza como padrões de sucesso e feminilidade, cria um ambiente hostil para mulheres que entram na menopausa.

Há uma cobrança implícita (e, muitas vezes, explícita) para que as mulheres continuem atendendo aos padrões estéticos e performáticos que se aplicam às fases anteriores da vida, ignorando a transição inevitável do corpo e da mente. Muitas são vistas como “invisíveis” ao passarem pela menopausa. Isso pode gerar um senso de inadequação, fracasso ou perda de identidade, sentimentos que podem intensificar quadros de ansiedade, depressão e isolamento social.

Outro aspecto relevante é a romantização da “supermulher”, na qual as expectativas em torno do papel da mulher moderna – profissional bem-sucedida, mãe exemplar, esposa atenciosa e dona de casa eficiente – persistem mesmo diante das mudanças físicas e emocionais que a menopausa traz. As mulheres são muitas vezes pressionadas a “superar” ou “minimizar” os sintomas da menopausa, perpetuando a ideia de que falar sobre essas questões é um sinal de fraqueza, incapacidade ou estar “velha” no sentido pejorativo e desqualificando-a.

A menopausa, embora inevitável, é vista muitas vezes como um tabu. Isso torna difícil para as mulheres falarem abertamente sobre seus desafios, tanto com a parceria e amigas quanto com profissionais de saúde. Essa falta de diálogo franco perpetua o desconhecimento e o estigma em torno da menopausa, dificultando o acesso a tratamentos adequados e apoio psicológico.

Para minimizar o impacto da menopausa na vida, principalmente sexual das mulheres, é essencial que se promovam espaços de diálogo, educação e conscientização sobre essa fase da vida. Cultivar a autoestima e compreender que as mudanças corporais fazem parte dessa nova fase assim como buscar novas formas de manter relações sexuais saudaveis.

As intervenções psicossociais, combinadas a abordagens de profissionais de saúde, podem proporcionar suporte emocional e ajudar as mulheres a lidarem de maneira mais saudável com as pressões sociais e os desafios fisiológicos. O papel das profissionais de saúde é crucial para promover o bem-estar integral das mulheres, considerando os aspectos biológicos, psíquicos, sexuais, culturais e sociais dessa transição.

A menopausa é uma fase complexa e multifacetada, que envolve não apenas transformações biológicas, mas também uma série de pressões sociais que afetam diretamente a saúde mental e sexual das mulheres. O impacto dessa transição na vida feminina não pode ser ignorado, e é fundamental que a sociedade como um todo comece a desconstruir estigmas e rever suas expectativas em torno da mulher nesta fase da vida. Isso tem que começar por nós, cuidar e abrir espaço para a saúde feminina, principalmente a saúde sexual.  A menopausa não é uma “perda”, mas sim uma nova etapa que pode fortalecer os relacionamentos, libertar as ações, empoderar e propiciar o crescimento pessoal.

Chamo esse momento de minha vida de MenosPausa e mais vida.  Hoje, 18 de outubro, comemora se o Dia Mundial da Menopausa, vamos celebrar!!!

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