Nos últimos dias, o Brasil se deparou novamente com uma triste realidade: quatro mulheres são assassinadas por dia no país vítimas de feminicídio, segundo o Mapa da Segurança Pública feito pelo Governo Federal em 2024. Ao todo, foram 1.459 vítimas em 2024, contra 1449 em 2023. Atrás de cada número, existe uma história de dor, medo, silêncio e, muitas vezes, dependência. Para mudar esse cenário, precisamos falar sobre como identificar os primeiros sinais da violência, como sair de relacionamentos abusivos e como a autonomia financeira pode ser uma poderosa ferramenta de proteção.
Por que isso acontece?
O feminicídio não acontece de um dia para o outro. Ele é o desfecho trágico de um ciclo de violência que costuma começar de forma sutil. Entre os fatores que contribuem para esse cenário estão:
- Machismo estrutural: A ideia de que a mulher deve “obedecer”, “se calar”, “servir” ainda é presente em muitos lares.
- Dependência emocional e financeira: Muitas mulheres permanecem em relacionamentos abusivos por medo de ficarem sozinhas ou por não terem para onde ir.
- Cultura do silêncio: Há vergonha, medo de não ser levada a sério e falta de apoio social, o que faz com que muitas vítimas não denunciem.
- Impunidade e lentidão da justiça: Em muitos casos, denúncias não resultam em medidas protetivas eficientes, colocando a vítima ainda mais em risco.
Como identificar um relacionamento abusivo?
Muitas mulheres não percebem de imediato que estão em um relacionamento abusivo. É importante observar:
- Controle excessivo: sobre roupas, amigos, redes sociais, horários.
- Ciúme disfarçado de “amor”: que vai virando vigilância e possessividade.
- Isolamento: ele tenta te afastar de amigos e familiares.
- Críticas constantes: sobre sua aparência, inteligência, decisões.
- Ameaças, intimidação e culpa: você sempre se sente errada e com medo de dizer algo.
- Violência física ou sexual: qualquer agressão, empurrão, puxão de cabelo, forçar sexo, é violência.
🛑 Abuso não é só quando bate. É também quando te diminui, te isola, te ameaça, controla ou te faz sentir medo.
Como sair de um relacionamento abusivo e onde buscar ajuda
1. Reconheça o ciclo de abuso.
Não espere piorar para agir. Muitas mulheres perdem a vida esperando uma mudança que nunca vem.
2. Busque apoio.
Converse com alguém de confiança, procure grupos de apoio, organizações sociais ou redes como o Instituto Maria da Penha.
3. Ligue 180.
O disque-denúncia funciona 24h, gratuito e com sigilo garantido.
4. Vá à delegacia da mulher.
Se estiver em risco, procure uma Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) e solicite medidas protetivas.
5. Planeje sua saída com segurança.
Se possível, guarde documentos, dinheiro e um local seguro para ir.
A importância da autonomia financeira
Muitas mulheres não saem de relacionamentos abusivos por não conseguirem sustentar a si mesmas e aos filhos. Por isso, ter sua própria fonte de renda é uma das formas mais eficazes de romper com a dependência e se proteger.
Você pode começar assim:
- Aprenda uma nova habilidade ou profissão.
- Empreenda com o que você já sabe fazer (costura, culinária, consultoria, serviços digitais, etc).
- Participe de redes e comunidades de apoio feminino que também falem sobre negócios.
- Busque conhecimento gratuito na internet, em eventos, mentorias ou institutos voltados para mulheres.
💬 “Mulher que tem renda própria tem mais voz, mais coragem e mais liberdade para dizer: ‘Eu não aceito isso’.”
Feminicídio é uma tragédia social que precisa ser enfrentada com informação, acolhimento e transformação. Não basta punir os agressores — precisamos prevenir. Isso se faz com educação, redes de apoio e, acima de tudo, dando às mulheres ferramentas para viverem livres, seguras e autônomas.
Se você está em um relacionamento abusivo, saiba que você não está sozinha. E se você conhece alguém em situação de risco, não ignore. Juntas, podemos mudar essa realidade.
🔗 Contatos Úteis para Mulheres em Situação de Violência
| Serviço | Telefone / Site | Funcionalidade |
|---|---|---|
| Central de Atendimento à Mulher | 📞 180 | Atendimento 24h para denúncias, orientações e encaminhamentos. |
| Delegacia da Mulher | Presencial | Procure a unidade mais próxima ou a delegacia comum caso não haja uma especializada na sua cidade. |
| Instituto Maria da Penha | institutomariadapenha.org.br | Informações, cursos e rede de apoio para mulheres. |
| Mapa do Acolhimento | mapadoacolhimento.org | Conecta mulheres a psicólogas e advogadas voluntárias. |
| Promotoras Legais Populares | Redes locais | Cursos gratuitos e apoio jurídico comunitário. |
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