Planejamento de Aposentadoria por Nizeuda Nascimento

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida dos brasileiros, em 2012, era de 74,5 anos. Isso significa que, ao nascermos em 2012, era esperado que vivêssemos, em média, até os 74,5 anos. É importante lembrar que essa é uma média; algumas pessoas vivem muito mais, enquanto outras, infelizmente, vivem menos.

Envelhecer é um evento natural e esperado. Portanto, é essencial que nos preparemos financeiramente para essa fase da vida, pois todos queremos chegar lá com qualidade de vida, certo? Vamos falar sobre aposentadoria, ou melhor, sobre a preparação financeira para a aposentadoria.

Vamos começar com algumas perguntas: O que você quer fazer no futuro, quando se aposentar? Fazer o que gosta? Ter sossego e segurança? Viajar? Manter a qualidade de vida? Manter o mesmo padrão de vida de hoje? Seja qual for o seu desejo, é necessário preparar-se. Então, como você pretende alcançar isso?

O planejamento para a aposentadoria exige essa reflexão. Preparar-se para a aposentadoria envolve diferentes aspectos, como desejos, sonhos e escolhas pessoais. E, seja qual for a sua escolha, uma coisa é certa: haverá implicações financeiras.

Vamos abordar agora três pontos importantes para você refletir, que vão impactar sua aposentadoria.

1. A incerteza do futuro e o aumento da expectativa de vida

Em 1980, a expectativa de vida dos brasileiros era de 62,5 anos. Isso significa que, em 30 anos, a expectativa de vida aumentou em 12 anos, chegando a 74,5 anos em 2012. No entanto, o futuro é incerto. Ninguém sabe até quando vai viver. Você pode esperar viver até os 73 anos, mas pode chegar aos 80 anos “vendendo saúde”. Isso seria ótimo, não? Sabia que isso está se tornando cada vez mais comum? Que tal se preparar para viver mais, e com qualidade? Sejamos otimistas!

3. Realização de sonhos

Para alguns, a aposentadoria pode envolver a realização de viagens, cursos, hobbies ou dedicação a projetos sociais. Esses são projetos que devem ser planejados, além da manutenção do padrão de vida desejado. Ou seja, se o seu projeto de aposentadoria inclui, por exemplo, uma viagem longa a cada dois anos, os custos dessa viagem devem ser planejados. O mesmo vale para quem deseja se dedicar a uma nova profissão. Que tal pesquisar o custo do curso e outros custos envolvidos?

Quem precisa se preocupar e quando começar a se preocupar?

Todos nós devemos nos preocupar com a aposentadoria, independentemente da idade. Sabendo que o dinheiro tem valor ao longo do tempo e que os juros compostos fazem o montante crescer exponencialmente, é importante fazer um bom planejamento de longo prazo. Quanto maior o prazo, mais os juros podem trabalhar a nosso favor. Assim, uma regra básica para o planejamento da sua aposentadoria é: quanto mais cedo começar, melhor.

Uma boa sugestão é começar a poupar para a aposentadoria assim que começar a trabalhar e receber salário. Que tal poupar uma parte do seu primeiro salário para sua aposentadoria? Mesmo que tenha deixado para depois, a regra do “quanto antes, melhor” continua válida. Portanto, se ainda não começou, por que não agora? Não deixe seu futuro e seus sonhos nas mãos de ninguém. Faça algo por eles.

Opções financeiras para a aposentadoria

Quando falamos em planejar financeiramente para a aposentadoria, não estamos restritos a uma ou duas opções financeiras. Existem diversas maneiras de formar um fundo financeiro para a aposentadoria. O primeiro passo é conhecer essas opções. A partir desse conhecimento, podemos montar um plano e escolher as opções mais adequadas às nossas características, considerando idade, perfil e renda.

O Sistema Previdenciário está dividido em dois grupos:

  • Previdência Social: que abrange os servidores públicos e o Regime Geral da Previdência Social (RGPS), administrado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que inclui trabalhadores contratados sob o regime da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), trabalhadores domésticos e autônomos.
  • Previdência Privada: que inclui as Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPCs).

Planos obrigatórios

São aqueles que não nos permitem escolher se vamos ou não contribuir. Eles são obrigatórios, dependendo da nossa situação no mercado de trabalho (exemplos: CLT, servidor público etc.). Uma pessoa que trabalha em uma empresa privada com carteira assinada, obrigatoriamente, estará inscrita no RGPS, administrado pelo INSS; a empresa é obrigada a recolher as contribuições (parte do empregado e parte patronal) diretamente para o INSS. Já um servidor público federal está inscrito em um regime próprio de previdência social (exemplo: Contribuição para o Plano de Seguridade do Servidor Público – CPSS) e tem o valor da sua contribuição descontado em folha de pagamento.

Nesses casos, o cidadão é obrigado a participar do regime correspondente. Porém, é importante conhecer as características desses planos, saber quais são os direitos e deveres do segurado e como acessá-los.

Planos complementares

Os planos conhecidos como complementares têm esse nome porque se somam aos planos obrigatórios, complementando a aposentadoria. Trata-se de um esforço do indivíduo para manter ou ampliar suas receitas financeiras no momento da aposentadoria.

Os planos complementares são de dois tipos: previdência complementar fechada e previdência complementar aberta. Vamos falar um pouco sobre cada um deles.

  • Previdência complementar fechada: As Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPCs) são patrocinadas por empresas privadas ou associações que, por meio do vínculo empregatício ou associativo, oferecem aos seus empregados planos de complementação de aposentadoria. São administradas por fundações ou sociedades civis e constituem os chamados fundos de pensão. Frequentemente, para incentivar os funcionários a investir nesses fundos, as empresas oferecem valores iguais aos depositados pelos funcionários (até certo percentual). Os funcionários de empresas que oferecem planos de previdência complementar devem estudar essa possibilidade com atenção. É importante conhecer bem o seu funcionamento.

Para isso, sugerimos algumas perguntas que você pode fazer para tomar a melhor decisão:

  • Quais são os planos disponíveis?
  • Quais são os valores de contribuição da empresa?
  • Quais são as regras em caso de demissão?
  • Quais são as taxas cobradas?

É fundamental saber que existe um órgão governamental que fiscaliza e supervisiona as atividades das entidades fechadas de previdência complementar: a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc).

  • Previdência complementar aberta: As Entidades Abertas de Previdência Complementar (EAPCs) são constituídas sob a forma de Sociedade Anônima e estão autorizadas a instituir planos de previdência complementar aberta, que podem ser comercializados por bancos, corretores, seguradoras e outras instituições. O mais conhecido é o Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL). Outro exemplo é o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) – embora seja um tipo de seguro, o VGBL pode ser utilizado como uma opção financeira para a aposentadoria. O PGBL e o VGBL têm características e nomes parecidos, mas são submetidos a diferentes tipos de tributação.

Estratégia independente de planejamento da aposentadoria: vantagens e desvantagens

Outra opção para o planejamento da aposentadoria é seguir uma estratégia independente, que consiste na autoadministração dos investimentos com foco na aposentadoria. Ao seguir essa estratégia, você se torna o gestor dos seus investimentos e passa a ser responsável pelas escolhas dos produtos e pela decisão sobre os momentos de compra ou venda dos ativos. Em outras palavras, você decidirá se vai investir em poupança, CDB, títulos públicos, ações, imóveis, etc. Como tudo na vida, essa estratégia possui vantagens e desvantagens.

Vantagens

  • Possibilidade de maior retorno financeiro devido à eliminação de intermediários.
  • Liberdade na administração do dinheiro.
  • Possibilidade de aprendizado (o investidor deve ler, fazer cursos e se envolver com seus investimentos financeiros).

Desvantagens

  • Risco de usar os recursos para outras finalidades (exemplo: trocar de carro, fazer uma viagem).
  • Inabilidade na gestão dos recursos pode acarretar perda de dinheiro (sem conhecimento financeiro, você pode fazer escolhas inadequadas).
  • Exige dedicação e tempo de estudo em assuntos financeiros.

Conclusão: Planeje sua aposentadoria

  • Planeje sua aposentadoria considerando todos os aspectos da vida. Prepare-se para as atividades que fará ao se aposentar. Cuide da saúde física, emocional, mental e financeira. Para manter a qualidade de vida hoje e no futuro, é importante estar sempre consciente de suas ações.
  • Faça simulações de planos de previdência nos websites das seguradoras. Ao simular, procure variar o valor que pretende contribuir, a data de aposentadoria e o valor do benefício. Veja em que condição isso melhor atende às suas necessidades atuais e futuras.
  • Que tal começar hoje mesmo seu plano para a aposentadoria? Pesquise formas de investimento e planos de previdência complementar. Depois de escolher a melhor opção para o seu caso, aja! É muito comum deixarmos a ação efetiva para o futuro, que acaba nunca chegando.
  • Analise as vantagens e desvantagens de ter um plano auto administrado de aposentadoria. Afinal de contas, somente você pode saber o que é melhor para sua vida e para sua aposentadoria.

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